sábado, 22 de março de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , ,
Esse projeto surgiu após eu ter postado um conto em uma comunidade e ter recebido um terrível número de críticas negativas. Apesar de discordar da maioria delas, decidi ampliar a ideia e a transformar em um romance curto.
Espero que gostem e peço que me indiquem onde posso melhorar o texto.
Obrigado!


Prólogo.

O frio do deserto incomoda o homem que caminha em direção da pequena fogueira em passos rápidos. Ele se pergunta como pode ser possível que o calor causticante do dia, possa desaparecer durante a noite e dar lugar ao maldito frio. Seu humor, só piora por essa pergunta estúpida e retórica, ter lhe vindo à mente. Quando rente ao fogo, aproxima suas mãos enregeladas até as chamas e a sensação que tem é reconfortante.
O chiar do café fervendo na velha e escurecida chaleira pendurada sobre o fogo em uma armação metálica, é o único som que se opõe ao silêncio quase palpável do deserto.
O homem senta-se em uma cadeira dobrável de praia e se servindo de uma caneca de estanho, bebe do forte e amargo café, seu único apoio contra o sono que quase o domina.

Ele pensa em guardar as coisas e voltar para casa, mas após uma olhada no relógio de pulso, a ideia se mostra pouco aceitável. Ainda é muito cedo e uma noite de lua nova, quando o céu é mais escuro, não pode ser desperdiçada. Assim que o líquido da velha caneca se esgota, a figura solitária retorna ao telescópio para continuar sua vigília das estrelas.
Uma longa e por vezes desalentadora vigília.
Por vezes, ele pensa em desistir dos seus estudos. Vários pensamentos pessimistas se alojaram em seu coração após tantos anos: Quantas noites já se passaram? Quantas outras coisas poderiam ser feitas com esse tempo gasto? Quando seus esforços teriam frutos? Por que ele ainda ama tanto perscrutar o firmamento? – São as perguntas que nos últimos tempos passaram a dominar suas divagações.

Após mais duas longas horas observando galáxias e outras estruturas do cosmos, o cansaço e o desanimo acabam por vencer a vontade do homem e ele dá como encerrada a noite. Antes de começar os preparativos para partir, ele segue o seu pequeno ritual pessoal, onde por alguns poucos minutos foca o seu planeta favorito, Plutão. O mesmo que anos antes, na sua infância, foi o primeiro corpo celeste que observou através de um telescópio, no museu, ao lado de seu pai. Boas memórias, cheias de nostalgia, invadem o astrônomo, para logo serem seguidas pela lembrança de que décadas antes, o seu querido planeta fora rebaixado ao status de planetoide ou planeta anão.
-Bando de viados. Queimem no inferno. – O homem pragueja contrariado.
Ainda observando o anão de gelo e rocha, algo lhe chama a atenção, um brilho, distante e difuso, que parece estar em movimento. Por alguns momentos, o homem fica observando atentamente, como se algo sobrenatural se mostrasse na imagem incomum captada pelo telescópio. O cansaço some perante a visão do diminuto brilho e correndo, o astrônomo vai até o computador portátil que está pousado em uma pequena mesa de dobrar ao lado do velho Ford 2017 e freneticamente digita as coordenadas aproximadas do brilho, para averiguar se algum satélite ou telescópio espacial poderiam estar nas proximidades.
Durante minutos, o programa faz cálculos e correlata dados, intermináveis minutos. Assim que os resultados são expostos na tela, um sorriso de pura felicidade surge no rosto do homem. Ele retira do bolso o celular e tenta fazer uma ligação, mas o sinal é ridiculamente fraco e não importando a posição que ele busque, é impossível se comunicar. O homem entra no carro e dirigindo como um fugitivo corre para o posto de combustível mais próximo, para assim fazer uma ligação em algum telefone fixo. A viagem de pouco mais de dez quilômetros, parece ser muito mais longa para o motorista exasperado.
Quando chega ao destino, ele desce correndo do carro e praticamente salta sobre o aparelho na parede da pequena loja de conveniência, deixando o sonolento atendente assustado.
O astrônomo digita com pressa e nervosismo os números enquanto sorri abobalhado para o rapaz atrás do balcão.
A pessoa do outro lado da linha demora a atender e a quando isso ocorre, a voz tem um tom de reprovação.
-Você sabe que horas são? Sacanagem acordar os outros assim Paul.
Paul responde quase sem folego de tanta alegria e nervosismo.
-Andrew! Andrew! Eu consegui! Puta merda, eu consegui! Eu descobri!
A voz do homem no outro lado da linha toma tons de surpresa.
-Descobriu o que? Fala logo porra! O que?
O astrônomo tomado pela mais profunda alegria, deixa escapar algumas lágrimas de emoção enquanto com a voz embargada, reponde.

-Eu acho que descobri um cometa!

Um comentário:

  1. Olá! Bom prólogo, mas... eu deveria ter lido quando tivesse mais capítulos, pois fiquei aqui a ver navios, queria mais e não tem. KKK. Achei uma boa descrição. Quando se é bom se vê a cena e vi tudinho daqui. Um abraço. Vou aguardar +

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