quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , ,
Este é o terceiro capítulo desse projeto, foi o com pior aceitação nos sites onde os postei. Acho que tal fato ocorreu, por haverem soldados nazistas como narradores. Ou o conto é ruim mesmo. Vá se saber? Por isso peço que as pessoas que lerem, comentem e me apontem suas impressões. Obrigado!


Nazistas na selva.

Santarém, Pará, 23 de março de 2007.
Novamente, após a publicação dos documentos enviados pelo senhor Carlos Prado Góes, recebemos um grande número de e-mails, em sua grande maioria, nos apoiando e parabenizando quanto ao trabalho jornalístico aqui apresentado. Para nossa surpresa uma quantidade realmente notável de textos semelhantes aos previamente publicados nos chegou à redação, no entanto, a maior parte mostrou ser mera falsificação ou brincadeira de mau gosto, mas ainda assim, alguns atraíram a nossa atenção devido ao seu caráter, a nosso ver, de realidade e veracidade.
Tendo em vista a boa aceitação dos textos apresentados, passaremos a publicar semanalmente o material que temos em mãos para que o leitor tire suas próprias conclusões quanto o caráter do mesmo.
Nessa semana, publicaremos documentos enviados pelo senhor Klaus Rosenberg, 72 anos, morador de Blumenau. Segundo o senhor Rosenberg, esses documentos estiveram sob a guarda de seu pai, o senhor Hans Rosenberg, ex-oficial nazista, que durante a Segunda Grande Guerra, desertou do exército alemão e se exilou no Brasil. Ao que consta, os textos pertenciam a uma equipe de cientistas do Reich, que percorreu a bacia amazônica coletando dados científicos durante o ano de 1936. A mesma equipe foi dada como desaparecida dois meses depois de sua saída de Manaus, capital do Amazonas. Os documentos foram encontrados pela marinha brasileira em um barco a deriva no Delta do Amazonas e entregues ao consulado alemão. Como tais documentos chegaram ao poder do pai do senhor Rosenberg é algo que nem o próprio nos soube informar. Os mesmos foram guardados pela família durante 73 anos e pela primeira vez serão publicados. Tratam de uma narrativa muito semelhante às previamente apresentadas em nosso jornal, um diário e uma série de anotações soltas. Todos os textos foram traduzidos do alemão tentando conservar o máximo possível da estrutura original, exceto as anotações, que estão em português e ao que parece, foram redigidas por um caboclo contratado como guia. Publicaremos primeiramente a narrativa do capitão Clóvis Kremer, este, ao que tudo indica, foi o ultimo membro da equipe a sucumbir, em seguida o diário do soldado Gunter, logo após, as anotações do caboclo Nazário e por fim, um pequeno texto descrevendo o ser que supostamente foi encontrado pela equipe.

Não sinto minhas pernas. A criatura as partiu ao me arremessar contra as árvores e se Schimidt não houvesse me trazido ao barco, eu já estaria morto assim como o guia, seus restos foram deixados próximos ao barco pela fera. Schimidt e Nordberg ainda estão na floresta tentando a destruir. Tolos. Todos morrerão aqui e a culpa é inteiramente minha. Fui incompetente e arrogante ao pensar que poderíamos prender a besta.
Deixarei o relato do ocorrido antes que eu sucumba. Espero que ele seja encontrado e possa ser de ajuda para a pesquisa cientifica e o Grande Reich.
Desembarcamos no Brasil, no Porto de Santos, assim como planejado, e de lá fomos via ferroviária até o norte do país, com destino a cidade de Manaus. Chegando ao destino, qual não foi o nosso espanto ao nos depararmos com uma cidade rica, que possuía edifícios magníficos, graças à indústria da borracha.
Contratamos um guia local, Nazário, um homem baixo, servil, trabalhador e que entendia o alemão, então nos lançamos no interior da floresta levando nosso equipamento.
A maior parte da viagem foi feita de barco, mas por vezes tivemos que cruzar áreas de terra seca carregando o nosso transporte, atividade muito desgastante para toda a equipe.
Durante um mês e meio coletamos amostras vegetais, minerais e animais, sem nenhum problema maior do que os insetos e o clima, até que entramos em um vale cuja única entrada e saída, consistiam em um pequeno braço de rio que o nosso guia denominou de “igarapé”.
Encontramos uma variedade de insetos e mamíferos não catalogados. Acampamos por dois dias no local sem problemas, mas na terceira noite, um tipo de símio, do tamanho de um gorila, invadiu o acampamento nos atacando. Dois dos homens foram feridos por ele antes que nós o abatêssemos a tiros.
Ao verificar a criatura, pudemos notar que se tratava de uma espécie animal, completamente nova e ficamos eufóricos com a descoberta. Era uma criatura impar, de longos membros superiores, corpo robusto, membros inferiores curtos, pelos grossos que cobriam o corpo completamente e um odor muito acre. O mais impressionante era a inexistência de crânio ou pescoço. Todos os órgãos sensoriais ficavam amalgamados ao troco. Olhos, boca, fossas nasais e auditivas, estruturados de uma forma inédita para os padrões conhecidos pela ciência moderna. Nosso guia ficou muito impressionado com o animal e o chamou de “Mapinguari”. O medo era nítido em sua expressão e ele passou a pedir insistentemente que nos retirássemos do local imediatamente.
Durante toda a manhã do dia seguinte, não tivemos problemas e ficamos a estudar o animal, no começo da tarde, um chamado gutural passou a ser ouvido e o guia sugeriu que era emitido por outro espécime. Decidi que deviríamos o capturar para estudos e a equipe preparou armadilhas para tanto.
Ao cair da noite, nossa destruição se abateu sobre nós. Novamente o acampamento foi invadido, mas o espécime dessa vez se mostrou muito mais formidável, monstruosamente gigantesco e feroz, devia medir mais de três metros e apesar de nossos disparos, a criatura não parou de nos atacar. Em sua primeira investida, dois dos homens foram abatidos com facilidade. A criatura, ao encontrar o cadáver da outra, que havíamos abatido, tomou-a nos braços e a levou floresta adentro. Duas horas após seu primeiro ataque, ela retornou com sanha assassina, eliminando mais quatro homens com requintes de crueldade. Nosso guia nos abandonou fugindo em direção do barco, mas foi seguido pelo mostro e pouco tempo depois ouvimos seus gritos desesperados.
Passada cerca de meia hora, a besta retornou para sua terceira investida eliminando mais dois homens e ferindo mortalmente um terceiro. Ordenei aos homens restantes que usassem os explosivos que tínhamos a nossa disposição, mas de nada adiantaram, após a primeira detonação, a fera se refugiou na mata. No fim de mais duas horas, em sua quarta investida, a criatura capturou um dos homens e o arrastou mata adentro. Durante quinze minutos ouvimos os gritos de desespero do soldado e então tivemos certeza que o ser era possuidor de alguma espécie rudimentar de raciocínio.
Em sua quinta investida, mais um homem foi abatido e eu, arremessado contra uma árvore, partindo ambas as pernas em fraturas expostas. Os dois últimos homens agora estão lutando contra a besta.
Acabo de ouvir seus gritos entre as explosões.
Nordberg se aproxima correndo para o barco, atrás dele a criatura.
Vamos morrer.
Deus salve nossas almas.

O diário de Gunter:

26 de agosto de 1934 – Chegamos ao Brasil.
27 de agosto de 1934 – Tomamos um trem em direção ao norte. O calor é horrível.
29 de agosto de 1934 – Deixamos o trem e tomamos um caminhão rumo à cidade de Manaus. O calor aumenta a cada dia que nos aproximamos mais do norte.
04 de setembro de 1934 – Chegamos à cidade de Manaus. Sua arquitetura é impressionante. O calor é insuportável.
06 de setembro de 1934 – O comandante contratou um guia local. O homem fede. Sub-raça servil.
08 de setembro de 1934 – Iniciamos nossa viagem rumo ao interior da floresta amazônica. O calor é horrendo.
11 de setembro de 1934 – A floresta é fantástica. As árvores são incrivelmente altas. E os animais abundantes. O guia se mostrou muito útil.
15 de setembro de 1934 – O calor e os insetos são terríveis. Os homens estão exauridos.
21 de setembro de 1934 – Tivemos que abandonar o rio e transpor uma longa distancia a pé. Carregamos o barco durante toda a travessia. O calor e os insetos estão a me matar.
23 de setembro de 1934 – Chegamos a um vale no meio da mata. Novas espécies animais foram encontradas. O comandante está muito satisfeito.
24 de setembro de 1934 – O guia pescou uma série de peixes que eu nunca havia visto. São saborosos. O calor e os mosquitos estão minando as minhas forças. Apesar de estarmos em plena selva, não há silêncio, os animais noite e dia, fazem uma algazarra irritante.
25 de setembro de 1934 – O comandante está muito satisfeito com nossos progressos.
26 de setembro de 1934 – O acampamento foi atacado por uma espécie nova de macaco. Abatemos o animal, mas dois homens foram feridos.
27 de setembro de 1934 – O comandante está eufórico. Foi-nos dito que fizemos uma grande descoberta científica. O guia parece preocupado.
27 de setembro de 1934 – Fomos atacados por um mostro. Dois homens mortos. Sinto medo.

Notas de Nazário:

Fui contratado pelos alemão.
Os macho são demais mole com o mormaço.
Os alemão parece besta por causa dos bixo.
Os alemão guarda tudo que tranqueira que acham.
Seguimo por terra por que o rio tá por demais baixo.
Rumamo riba um igarapé até uma clareira e os alemão tão tudo feliz co os bicho.
Pesquei umas dourada e os alemão ficaro tudo satisfeito quando comero ela.
Os alemão mataro um mapinguari.
Falei com o patrão pra nós irmo embora que a panema arribou em nós.

O mapinguari.
O mapinguari ou mapinguary é uma entidade fantástica da região amazônica de caráter malévolo que vaga pela mata. Ele urra floresta adentro imitando a voz humana e caso seja respondido por algum caboclo desavisado, ele prontamente se põe a perseguir o mesmo com sanha assassina e quando o captura, devora apenas a cabeça.  O mapinguari mede, segundo o mito, entre dois a três metros de altura, tem o corpo coberto por uma densa pelagem marrom, forte odor, semelhante ao de um gambá, os olhos, ou olho, dependendo do relato, nariz e boca, amalgamados ao tronco. Sua boca seria disposta na vertical. A criatura segundo a tradição, não é capaz de nadar, evitando assim, os cursos d’água. Ela seria invulnerável a disparos de armas de fogo e teria como único ponto vulnerável o umbigo. Na prática o mapinguari seria indestrutível. A lenda parece ter surgido durante a Era de Ouro da Borracha, já que em relatos clássicos acerca do folclore indígena brasileiro, ela não é citada.

Apesar do caráter fantástico do texto, certos fatos históricos parecem afiançar o relato, já que é sabido que o Reich realmente tinha interesse na Amazônia e uma expedição “autorizada” ocorreu entre os anos de 1935 e 1937. Otto Schulz-Kampfhenker, geologista e piloto participante da expedição, legou para a posteridade o seu diário intitulado “Mistérios do Inferno da Mata Virgem”, onde relata os pormenores da mesma. Segundo o diário, a expedição recolheu um grande número de amostras animais, vegetais e arqueológicas. Produziu material áudio visual, testou um protótipo de flutuador aeronáutico que era inovador para a época e mapeou rotas de invasão para a Guiana Francesa através do então Território do Amapá. Um dado que chama a atenção é a grande carga de munições transportada pela expedição, um total suficiente para cinco mil tiros. Durante os anos de permanência na selva, os pesquisadores viveram entre uma tribo indígena e um dos membros inclusive foi pai. A missão teve vários incidentes trágicos, como mortes e acidentes que acabaram por decretar o seu fim. Em uma ilhota do Rio Jari, entre os estados do Pará e Amapá, foi enterrado o soldado Joseph Greiner que faleceu devido à malária. Como lápide, foi erigida uma enorme cruz de madeira que ostenta a suástica. Prova indelével da presença do Terceiro Reich.
Quanto à criatura citada no texto, o mapinguari, em 1967 na localidade de Tefé, no Amazonas, o senhor José Lima, teria supostamente enfrentado um casal de mapinguaris e para sobreviver escapado em uma canoa.
Novamente nos disponibilizamos a enviar uma cópia digitalizada dos arquivos em nossa posse, para que os caros leitores tirem suas conclusões acerca da veracidade do relato.

C. C. de Carvalho - Jornalista

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , ,
Esse é o segundo capítulo desse projeto e foi o mais bem recebido pelo público em alguns sites pela net. A história se passa no Amapá, lugar em que vivi. A lenda me foi contada por uma senhora quando eu estava viajando pelo interior do estado. Espero que gostem e como sempre peço... Critiquem! Obrigado!




Os porcos de Mazagão.

Santarém, Pará, 07 de março de 2007.

Após a publicação da notícia da morte do senhor José da Silva Chucre, vários e-mails chegaram à redação de nossa gazeta requerendo cópias do texto original encontrado junto ao corpo, assim como, outros de caráter ofensivo e reprovador, algo que este jornalista já esperava, mas o que mais nos causou espanto foi uma mensagem enviada pelo senhor Carlos Prado Góes, 58 anos, morador de Macapá no estado do Amapá. O senhor Góes nos enviou documentos da década de sessenta que seu pai, o senhor Janari Góes tinha entre seus pertences. O pai do senhor Góes foi durante vinte e dois anos, chefe de segurança da empresa mineradora Icomi e por toda a vida manteve esses documentos guardados. Segundo esses mesmos documentos, um caso semelhante ao descrito no texto do falecido senhor Chucre, ocorreu no interior do Amapá na localidade de Mazagão Velho. Onde um jornalista foi supostamente morto por criaturas do folclore local, o senhor Paulo Vasconcelos, desaparecido no ano de 1967 em viagem de trabalho.
Novamente, reproduzimos o texto, mas dessa feita, no original, para apreciação de nossos leitores, assim como, foto tirada pela vítima, das supostas criaturas:

Eles estão lá fora cercando a casa. Arranhando as paredes, farejando, procurando uma maneira de entrar e dar cabo de mim.
É uma questão de tempo até que eu enfrente o meu destino.
Para que a verdade, por mais inverossímil que possa parecer, não fique oculta, usarei meus momentos finais em frente à máquina de escrever que encontrei na casa, narrando todo o ocorrido.
Meu nome é Paulo Vasconcelos, sou por ofício, jornalista investigativo.
Há seis meses, fui contratado por uma empresa mineradora do norte do país, para investigar o desaparecimento de uma equipe de técnicos no interior do território do Amapá.
Saindo de São Paulo por avião, cheguei à capital do Pará e lá tomei um navio que se dirigia para o território federal.
Quatro dias após meu embarque, cheguei ao porto de Santana, onde fui recebido pelo senhor Janari Góes, chefe de segurança da empresa que havia me contratado. O senhor Góes me entregou então, um dossiê produzido pela polícia militar acerca dos dados preliminares coletados nas cercanias da área do desaparecimento, uma vila no interior, chamada Mazagão Velho.
A documentação era farta, mas, no entanto, vaga e pouco confiável. Consistia em sua maioria de testemunhos e fotos de cidadãos da localidade, que tinham em comum o fato de que os desaparecimentos eram atribuídos a criaturas do folclore local, na época tomei tudo por crendices dos caboclos do lugar.
Após uma longa e penosa viagem por estradas de terra, quase intrafegáveis graças às pesadas chuvas equatoriais da região, acabei por chegar à vila de Mazagão Velho. Um lugar perdido no tempo, com cerca de 230 famílias, que tinha como a principal ocupação produtiva a agricultura. Não havia hotéis, então fui hospedado na casa de um antigo funcionário da mineradora, caboclo idoso que foi aposentado devido a um acidente de trabalho. Seu nome era Manoel da Silva Borges, homem simples e muito religioso, que me acolheu como a um filho em sua casa.
Por semanas minhas investigações não geraram quaisquer informações que divergissem das previamente recolhidas no dossiê. Na verdade, a população local se mostrou arredia, me evitando ao máximo. Segundo meu hospedeiro, a comunidade seria mais solicita com o passar do tempo, assim que eu me provasse como disse o velho, um bom cristão. E então por semanas, passei a frequentar a paróquia local e a não fumar e beber em público.
Meus atos geraram frutos e o povo da localidade passou a ser mais receptivo ante as minhas averiguações e uma nova pista acabou por surgir. Segundo alguns caçadores, provavelmente a equipe acabou por encontrar um garimpo clandestino durante suas pesquisas na mata e foi executada para que não denunciassem sua localização para as autoridades militares. Seguindo essa nova linha de investigação, juntamente com um guia local, passei algumas semanas vasculhando as matas da região. Mas meus esforços foram infrutíferos.
Certa noite, ao voltar de mais um dia de investigações mal sucedidas, encontrei Manoel completamente bêbado, ele estava sério e soturno, falando sozinho. Ao ver-me chegar, ofereceu um copo de bebida, uma emulsão de cachaça, canela e gengibre, demasiado forte e aromática, e começou a narrar como sua esposa e filho haviam sidos levados pelas supostas criaturas que os cidadãos da vila tanto mencionavam em suas narrativas. Na oportunidade, senti pena do pobre velho solitário e não lhe dei crédito algum.
Decorridos cinco meses sem conseguir nenhuma nova informação quanto ao paradeiro da equipe desaparecida, contatei a mineradora e dei por encerrada a investigação.
Antes de voltar para São Paulo, decidi que seria interessante escrever um artigo sobre o folclore local, para tanto, procurei averiguar a origem do mito. Preliminarmente não obtive sucesso, pois os caboclos não possuíam essa informação, mas não tardou até que eu descobrisse que o padre da paróquia local era um entusiasta da história e folclore da região. O padre Moretti foi muito solícito e emprestou-me suas notas pessoais sobre o tema para meu uso. Munido dessas novas informações, pude saber que a origem do mito remontava a uma tribo que habitou a região no passado e que o mesmo fora absorvido pelos caboclos, recebendo tons de violência extrema e ainda, da localização de um sitio arqueológico onde as criaturas foram supostamente por vezes avistadas. O padre também me permitiu fotografar alguns desenhos feitos por cidadãos da vila que supostamente haviam encontrado os seres descritos no mito. Os desenhos tinham um aspecto perturbador em comum, todos representavam seres hominídeos com feições de porcos, algo semelhante com iluminuras medievais de demônios da mítica católica.
Procurando me munir de algumas fotos do local dos supostos avistamentos, procurei o auxílio de guias locais, no entanto nenhum deles aceitou a incumbência, não importando o quanto lhes fosse oferecido, dado isso, entrei na mata acompanhado apenas de uma câmera fotográfica e um revólver.
Vaguei pela mata em trilhas incertas e cansativas durante horas, mas por fim, encontrei o lugar. Em uma clareira, várias lajes de rocha negra estavam dispostas em círculos e a julgar pelo seu aspecto, deviam ter milhares de anos. Por meia hora, tirei fotos do lugar até ouvir sons na mata, parecia algo semelhante a passos humanos e guinchos de algum tipo de animal, o que me causou um profundo desconforto. Instintivamente saquei de minha arma e comecei a caminhada de volta a vila, ouvindo durante todo o trajeto os sons a minha volta. Somente no começo da noite alcancei meu destino e só então me senti seguro. Quando cheguei à casa de Manoel, contei o ocorrido ao caboclo e ele me pareceu preocupado.
Pela manhã, ao acordar, não encontrei o meu hospedeiro em casa, estranhei esse fato, mas ainda assim comecei a me preparar para partir. Apenas pelo fim da tarde que o velho voltou, ele estava acompanhado de um rapaz chamado Sabino. Ambos me informaram que objetos da equipe de pesquisas haviam sido encontrados em uma casa localizada em certa ilhota e caso eu ainda tivesse interesse, poderia ser levado pelo jovem até lá. Prontamente eu aceitei a proposta e levando minha arma e câmera, parti para o lugar. Deixei com Manoel o rolo de filme que havia usado no dia anterior, para que fosse enviado pelo correio até a capital a fim de ser revelado. Ao se despedir de mim, o velho pareceu triste e envergonhado, não me olhando nos olhos em qualquer momento que fosse.
O garoto e eu embarcamos em uma pequena canoa e juntos remamos até uma ilha em um braço distante de rio. Chegando lá, Sabino me guiou pelo lugar, onde finalmente avistei a casa na qual foram encontrados os objetos. Era toda feita de madeira, parecia ter sido recentemente construída e ser muito sólida, estranhamente não havia janela alguma, apenas a porta de entrada. Ao entrar, encontrei uma série de documentos e equipamentos diversos pertencentes aos desaparecidos. Permaneci no lugar lendo os documentos a procura de pistas até o cair da noite. Já com a lua alta no céu, o garoto disse que iria até a canoa buscar um par de redes que usaríamos para pernoitar no local, já que navegar na escuridão seria perigoso e então partiu, deixando-me só. O rapaz demorou a voltar e preocupado com sua segurança, dirigi-me até o lugar onde a canoa havia sido atracada e para meu assombro, não encontrei a ambos. Novamente um estranho desconforto se insinuou e correndo, voltei para a casa e a tranquei completamente.
Por volta da meia noite, ouvi mais uma vez os sons que ouvira próximo as placas de rocha, só que dessa vez, pareciam ser criados por um grande bando de animais ou pessoas. De arma e lampião em punho, esse encontrado entre os objetos contidos na casa, sai para verificar o que estava produzindo os sons. Durante minutos, nada surgiu e mesmo os sons se silenciaram, até que o horror se mostrou. Lentamente uma figura baixa saiu da mata que cercava a casa. Um ser disforme, coberto de pelos grossos e imundos, grotescamente obeso e com feições de suíno se pôs ante mim. Dominado pelo medo, esvaziei o tambor do revólver contra a criatura. Ela guinchou e pesadamente caiu no chão, morta. Por segundos o silêncio dominou o lugar, até que novos guinchos irromperam da mata e uma dezena de outras criaturas começou a surgir da floresta escura correndo em minha direção. Imediatamente tranquei-me na casa, colocando uma pesada tranca de madeira contra a porta, o que por hora, tem as mantido do lado de fora.
Ainda tenho doze munições comigo, mas sei que não serão suficientes para me salvar.
Imagino ter sido colocado aqui como uma espécie de sacrifício para as criaturas pelo povo local, por ter chegado perto demais da horrenda ver...

Foto: O homem-porco espreitando.
Na foto, uma formação paleolítica de dolmens de rocha negra, cobertas de grafismos rupestres e musgos no meio de uma densa floresta equatorial. No canto esquerdo da mesma, pode se ver entre a vegetação, uma criatura diminuta, de aspecto maldoso, semelhante a um porco com corpo humano, a espreitar.

Segundo os dados encontrados em documentos que atestam a contratação do senhor Vasconcelos pela citada empresa mineradora, os eventos descritos no texto teriam presumivelmente ocorrido entre janeiro e julho de 1967.
Poucas informações foram conseguidas acerca do mito citado no texto, todas elas diferem entre maldições, licantropia e uma raça de criaturas monstruosas. Tendo em conta tal fato, pedimos aos nossos caros leitores, que por ventura possuam dados aprofundados sobre o mesmo, que nos os enviem para que possamos os publicar aqui.
Quanto aos dolmens descritos na narrativa, eles realmente podem ser encontrados no norte do estado do Amapá, no Sítio José Antônio, que se situa próximo ao curso do rio Cunani. Nesse sítio ainda se encontram um conjunto de 150 blocos dispostos em linha dupla que acompanha o traçado do rio Calçoene. Segundo o arqueólogo Curt Nimuendaju, essa formação teria uma função religiosa.

Novamente nos colocamos à disposição dos leitores, para assim que requerido, enviarmos de pronto, os arquivos digitalizados dos documentos originais em nossa posse, para a apreciação quanto sua veracidade.
C. C. de Carvalho. – Repórter

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , , ,
Esse é o meu projeto mais recente, dei início a ele ontem. Se trata de uma fantasia medieval com pitadas de horror e sci-fi. O personagem principal é um jovem ork, sim eu grafo com "k", que seguindo seu sonho de liberdade e sua curiosidade acaba por descobrir os segredos sobre o passado de seu mundo e das raças que nele habitam. Espero que gostem e por favor... Criticas, sim? Obrigado!

Um filhote.

A tribo já está acampada há três dias nesse leito seco de rio. Esperando que os batedores retornem.
A espera está me enlouquecendo.
Passo os dias cumprindo meus afazeres e brigando na Tenda dos Punhos, para matar o tempo.
Nessa lua, receberei o meu nome ork, me tornarei um guerreiro e terei o direito de participar dos saques e dividir os melhores espólios. Mas para isso, o maldito grupo de batedores deve retornar.
Na verdade pouco me importa tudo isso, o que mais quero é poder-me ver livre da Tenda dos Filhotes e de todas as fêmeas que passam os dias dando ordens e se metendo em minha vida.
Estou sentado em um canto da Tenda dos Punhos agora, observando os outros filhotes brigando e recebendo chicotadas de Orpul Punho de Rocha, o mestre da tenda, perdido em meus pensamentos e sonhos de liberdade.
Enquanto sonho como um dia irei deixar essa tribo para criar a minha própria, uma enorme sombra se projeta sobre mim e isso me puxa de volta a realidade.
Um enorme ork está parado na minha frente sorrindo, Orgumud Pele de Muralha, ele pisca de forma debochada para mim.
-Olá filhote. Preocupado?
Encaro Orgumud com um misto de raiva, inveja e admiração no olhar. Ele é um dos maiores guerreiros da tribo e como uma espécie de irmão/pseudo-rival para mim. Ele é apenas duas luas mais velho do que eu e por isso crescemos juntos na Casa dos Filhotes. Orgumud é a minha verdadeira antítese, um ork que impõe medo e respeito. Afinal, com seus 190 quilos de músculos e banha e no alto de seus 2,40 centímetros de altura, poucos orks o chamariam para uma briga por diversão.
Sem paciência, tento que ele me deixe em paz.
-Vá perturbar outro Orgumud. Não estou com vontade de te aturar ou de apanhar de você.
O sorriso do enorme guerreiro apenas aumenta, deixando todos os dentes à mostra, inclusive os entalhes que os lábios escondem na maior parte do tempo, de suas presas de guerra.
-Pelo jeito o filhote está preocupado e nervoso. Eu entendo isso. Mas vamos lá? Juro que serei bom e deixarei você me bater uma ou duas vezes.
Tento o mandar embora usando a razão.
-Eu não tenho chance contra você Orgumud. Você sabe disso.
Com uma nova piscadela zombeteira, o guerreiro insiste.
-Vamos lá, as chances são poucas, mas existem. Se você me ouvisse e fosse mais esperto conseguiria. Você é mais leve e veloz do eu, se usasse isso a seu favor, em três ou quatro horas conseguiria me vencer pelo cansaço.
Disparo o meu olhar mais cético e desaprovador. Sou um ork pequeno, o mirrado da minha ninhada. Com meus 100 quilos e 1,80 de altura, não sou o ideal de guerreiro da minha raça, tão pouco um adversário apto a vencer Orgumud.
-Não seja ridículo. Vá perturbar outro idiota para surrar. Hoje eu não quero sentir o gosto do meu próprio sangue. Procure...
O estalar do chicote do mestre, interrompe a conversa. Orpul parece muito irritado.
-Mas sentirá o gosto mirrado covarde! Tire esse maldito rabo do chão e lute com Orgumud!
Todos os demais filhotes param de lutar e conversar, e rindo, fazem um círculo, como uma arena para a luta.
Sem alternativa, me levanto encarando Orgumud cheio de raiva e entro no círculo. Posicionado em seu centro, ergo os punhos em posição de combate. Sinto-me ridículo. Todos os filhotes riem.
Orgumud entra no círculo, que se fecha atrás dele, sorrindo. Ele expõe o rosto de forma a me provocar.
-Vamos lá filhote! Acerte aqui o seu melhor soco!
Dominado pela raiva eu ataco o enorme ork com todas as forças. O golpe acerta em cheio a cara do guerreiro, mas ele parece não notar. Sorrindo, Orgumud revida com um chute em minhas costelas, que me joga longe e retira completamente o meu ar. Caio no chão como um saco de estrume.
Ao conseguir recuperar o folego, o que leva alguns longos momentos, me ergo da sujeira e lanço um novo ataque. Novamente recebo um contra golpe e sou mandado voando ao chão. Todos riem.
Sorrindo, Orgumud tenta me ajudar com seus conselhos.
-Vamos lá filhote! Use sua velocidade e esperteza! Com sorte você talvez me faça suar! Talvez!
Com a boca cheia de sangue e completamente dolorido, sigo o conselho e apenas fico parado estudando o ork.
Durante vários minutos, eu apenas fico estudando meu oponente, sem conseguir encontrar um jeito de atacá-lo. Os filhotes ficam impacientes e começam e soltar vaias, pragas e comentários quanto a minha coragem e tamanho.
Orgumud sorri ainda mais, parece satisfeito com minha atitude.
-Vamos lá filhote! Faça-me suar! Ataque!
Apesar dos incentivos, eu apenas continuo estudando o ork. Os gritos e vaias aumentam quase que ficando ensurdecedores. Por um longo tempo permaneço ali, sem esboçar qualquer ataque. Aos poucos a expressão de Orgumud vai mudando, o sorriso aos poucos vai dando lugar a uma expressão de impaciência e raiva. Por fim, o ork investe impaciente e nervoso.
-Disse para usar sua velocidade filhote, não o seu medo! Vamos acabar com isso!
Um poderoso direto é lançado na direção de minha cabeça, mas eu me esquivo velozmente e contra golpeio com um gancho na barriga de Orgumud.
Os filhotes gritam de emoção ante o meu ataque e isso me dá novas forças. Por alguns segundos eu sinto que tenho chance de vencer.
Um novo golpe, um downcut, é desferido por meu oponente e apesar de toda a minha velocidade, o golpe acerta em cheio o topo de meu crânio.
Todo o mundo parece girar ao meu redor, caio de joelhos ante o ork e quase que perdendo a consciência, em um golpe duplo, acerto a virilha dele.
Caio no chão entre os gritos de dor de Orgumud e o silêncio repentino do todos os filhotes.
Após alguns minutos tento me erguer, mas apenas consigo ficar de joelhos, ao fazer isso um brado de júbilo irrompe dos filhotes. Eu venci Orgumud, que rolando no chão grita de dor.
O Mestre da Casa segura meus ombros e me ajuda a ficar em pé. Ele sorri satisfeito para mim.
-Muito bom mirrado. Muito bom.
Ao ouvir isso, os filhotes soltam o brado de vitória da tribo. Feliz e incrédulo, eu ergo o braços em sinal de vitória.
Gritos de aclamação tomam conta do lugar e alguns orks entram para ver o que aconteceu. Quando descobrem o ocorrido, novas vozes se somam a algazarra.
Durante minutos sou ovacionado, mas todos se calam quando Orgind Sangue de Veneno entra. A sacerdotisa da deusa Onald ordena.
-Todos os filhotes nascidos sob a atual lua devem ir até a Tenda do Imperador imediatamente. Os batedores retornaram e o Ritual do Nome terá início. Corram!
Vários filhotes correm em direção da saída, inclusive eu, apesar de todas as dores.
Fora da Tenda dos Punhos eu corro com todas as forças que restam até o lugar da cerimonia.
Apenas pensado que me tornarei um verdadeiro ork. Um verdadeiro guerreiro.

Hoje eu começarei a ser livre.
Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , , ,
Esse projeto é bem recente. Se trata sobre teorias da conspiração e do famigerado Projeto Monarca da CIA, que usando de técnicas de tortura, lavagem cerebral e uso de drogas alucinógenas, criou agentes de eliminação entre pessoas comuns que agiam após o uso de sistemas de ativação subliminar.
Espero que gostem e como sempre peço... Critiquem! Obrigado!

Capítulo I: Amy.

Acordo com o som da cela sendo aberta, novamente sou puxada com violência pelo torturador, ele me arrasta pelos corredores até a sala de torturas para mais um dia de horror.
Sou despida e amarrada em uma cadeira de metal, fios são presos ao meu corpo e uma peça metálica é introduzida em meus anus e vagina. O maldito sorri ao ver meu desconforto e asco. Ele se aproxima de mim e lambe minha face, cheia de nojo cuspo na cara desse lixo que pensa ser um homem. Um violento tapa é desferido contra mim, junto de uma promessa de um novo estrupo após a sessão de “terapia”.
Ouço o som do gerador sendo ligado e o medo toma conta de mim, respiro de forma entrecortada e nervosa. Grito pedindo socorro, tolice a minha, ninguém jamais veio me ajudar.
A cadeira é afundada na pequena piscina cheia de gelo e a energia e liberada. Me afogo enquanto a eletricidade percorre meu corpo, trazendo a dor e o desespero.
O torturador apenas ri satisfeito.
Sinto o cheiro de minha carne sendo queimada e do sangue que escapa de minhas feridas recentes. Quando estou perto de desmaiar, a eletricidade é cortada para que eu descanse, para que eu sofra o máximo possível.
O meu corpo não responde a minha vontade e apenas consigo gemer pedindo clemencia. Clemencia que nunca virá.
Gostaria de ter coragem para me matar, me odeio por ser tão fraca e covarde. Odeio-me por ter a esperança de que um dia isso tudo acabe.
Por três vezes eu sou mergulhada na água gelada e eletrocutada antes de desmaiar. Quando meus sentidos retornam, percebo com novo horror que a tortura não acabou.
Estou deitada no chão e o maldito está sobre mim, violando minha carne enquanto sorri. Sinto nojo e vomito, quase me afogando.
O maldito ri e continua sua atrocidade, só que mais violência. Não tenho forças para me defender. Odeio-me por isso.
Tento escapar dessa realidade. Fujo para minha mente, desligo-me da realidade indo para o vazio. Um lugar em minha mente onde apenas um interminável vazio existe. Um grande espaço branco onde a dor e a humilhação não tem lugar. Mas dessa vez algo está diferente, há alguma coisa, uma mulher. Ela é diferente de tudo o que já vi, seu corpo é feito de carne e metal, sua face é uma máscara de pedra cheia de rachaduras e sua voz é cheia de ódio.
-Me liberte Amy. Permita que eu te liberte.
Estendo minha mão em sua direção e a toco. Tudo é jogado em uma profunda escuridão.
Não sei quanto tempo se passou quando volto à realidade. Ao olhar em volta, vejo-me na sala de tortura, banhada em sangue sobre o corpo do torturador. Ele está completamente desfigurado, cheio de marcas de mordida e com a peça metálica que foi introduzida em mim, enfiada em sua garganta. Grito de medo e confusão.
A porta é aberta e homens armados me cercam, cheia de terror, encolho-me sentada no chão.
Uma jovem, a mulher mais linda que já vi, entra na sala carregando um cobertor, ela me envolve com o tecido enquanto me abraça e com uma voz doce e reconfortante me diz:
-Acabou Amy, você está segura agora.
Abraço a mulher enquanto choro de alegria. Por sobre o ombro da jovem, vejo um homem entrar, ele é alto e se veste com um terno preto.
Sorrindo ele me diz:
-Parabéns Amy. Bem vinda ao Projeto. Seu treinamento acabou.
Cheia de felicidade e dor, desmaio.
Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , , ,
Esse projeto também é antigo e está parado faz um bom tempo. Fala acerca da mítica nórdica sobre o fim do mundo, nada de tão original na verdade. Espero que gostem e peço novamente, critiquem! Obrigado!


Capítulo I – Mergulho

Bor.
Eis que a noite caiu.
Os clamores, xingamentos e brados de guerra cessaram nos lábios dos guerreiros. Garotos, mortos, pela vontade egoísta de velhos avarentos que jamais suaram por seu pão.
Garotos, que agora jazem na lama, com seus corpos destruídos, servindo de pasto para as feras e moscas.
Garotos que lutaram com bravura, e permanecerão a eternidade sem serem honrados em suas piras.
Entre eles, estou eu, Bor, filho bastardo de um soldado molestador. Que largou uma vida de fazendeiro, pacata e tediosa, para conseguir uma saga. Mas ela jamais será escrita ou cantada.
Minhas vísceras se espalham pela lama. Mas Hella ainda não chegou com sua carroça para me buscar. Vejo a Lua com seu brilho pálido erguer-se no céu, parecendo um terrível olho a julgar os caídos.
É a última visão que tenho de Midgar.
Mergulho nas Trevas, amaldiçoando Odin.
Onde está a recompensa?
Onde está o Valhalla?
Mergulho nas Trevas.
Cada vez mais.

Wulfgan.
Os galhos talham minha face enquanto tento fugir.
Não olho para trás, mas sei que me perseguem.
Ladrões de estrada atacaram minha comitiva como uma tenaz. Os guardas, com toda sua pompa e brilho, tombaram como folhas secas.
Em pânico, comecei a correr, floresta adentro. Vergonhosamente, eu, Wulfgan, filho de nobres, fugi.
Mas de nada adiantou. Fui cercado.
Vendo que não conseguiria mais fugir, saquei de minha adaga, nesse instante fui bravo, nesse instante fui nobre, nesse instante, mesmo que por breve momento, mereci o Valhalla.
Meu ato é recebido com zombarias e risos, pelas bestas que me cercam.
Em total desespero, ataco. Sou vencido por um reles chute, que me lança ao solo.
Sou preso ao chão.
Minhas roupas são rasgadas.
Meu corpo é violado.
As bestas riem enquanto abusam de minha carne.
No final, não sinto mais meu corpo, estou completamente humilhado.
Choro.
Uma faca entra em minha garganta, atravessando meu crânio.
Em desonra, mergulho nas Trevas.

Lotar.

Disparo minha última flecha.
Não há mais chance de vitória.
A cidade caiu.
A maioria das crianças e mulheres escapou, minha missão se cumpre.
Eu, Lotar, guarda da cidade, junto a meus irmãos de armas, garantimos a fuga.
Agora a morte é o único caminho possível.
Saco minha espada e me jogo contra a massa invasora. Faço seis guerreiros tombarem antes de uma lança atravessar meu peito.
Tombo de joelhos.
Sinto uma pancada em minha nuca. Primeiro vem o branco, logo depois o vermelho e por fim tudo fica escuro.
Mergulho nas Trevas feliz, meu lugar nos salões do Valhalla me aguarda.