Dando sequencia a esse projeto, apresento o segundo capítulo, onde alguns dos protagonistas se encontram e a história tem o seu inicio real.
Por favor, comentem.
Obrigado!
Por favor, comentem.
Obrigado!
P.S.: Dedico essa publicação ao irmão Daniel Gama.
Obrigado por sua amizade.
Capítulo
II – Escolha
A
valkyria fecha suas asas ao tocar o solo. As penas, todas forjadas do ferro
mais negro, reluzem com a luz da Lua, dando um ar sinistro a diminuta figura.
Uma
mulher, no auge da juventude, de pele muito branca de cabelos negros e curtos.
Negros como o coração do próprio Loki.
Sua
face, de lábios finos, nariz delicado e olhos profundos, olhos de um tom cinza,
como o céu antes de uma forte tempestade, é a representação da beleza
idealizada.
A
armadura que enverga composta por placas, que se ajusta ao seu corpo de formas
perfeitas, semelhante a uma segunda pele, se sobrepõe a uma fina cota de malha,
semelhante seda, que toca suas botas. Botas forjadas da mesma maneira que a
armadura.
Ela
carrega nas mãos, uma lança delgada, semelhante a uma agulha gigante.
Calmamente
ela caminha entre os corpos dos caídos.
Apesar
do fedor e dos insetos, ela sorri por saber que poderá escolher quantos
desejar. Escolher os melhores.
Os
olhos dos mortos seguem seus passos, como se suplicando: - Me escolha...
Mas
ela é caprichosa, e só começa sua tarefa, após percorrer todo o campo.
Com
um movimento gracioso, ela dispara sua lança aos céus, que voa até perder-se da
visão. Segundos se passam até que velozmente crava-se no peito de um dos caídos
vinda das distancias celestes.
Ela
se aproxima e agarra a lança, dizendo de forma fria.
-
Vejamos se vales algo. Fale!
Após
segundos, o brilho nos olhos do morto retorna, um forte suspiro se faz e
finalmente a voz se liberta.
-
Maldita! Tira isso do meu peito!
Com
um sorriso cruel, ela responde.
-
Que gentil! Vejo que é um nobre.
Mas
tudo que ela recebe como resposta é um novo praguejar.
-
Larga-me maldita!
Girando
a lança na ferida, a dama guerreira, sorri novamente, só que de maneira mais
cruel, se deleitando com a dor que causa ao caído.
-
Bem meu caro nobre sabe quem sou? Sabe o que faço aqui?
Cheio
de dor, o morto deixa escapar por entre os dentes.
-
Tu és uma puta maldita que me está fodendo!
Com
ódio, a jovem crava a lança no peito mais profundamente, fazendo com que ela o
vare.
-
Vejo que mereceste tombar! É um estúpido! Sou aquela que escolhe os caídos, sou
Hildr, uma valkyria. E você meu caro, é o homem mais burro e ignorante do
mundo. Mas parece que servirá. Mesmo após tua queda, ainda demonstra bravura.
Surpreso,
o guerreiro tenta retirar a lança, mas de nada adianta.
-
Morto? Só estava ferido, você é que vai me matar. Sua puta!
-
Ferido? Caso não tenhas notado, estou pisando em suas tripas. E suas pernas
estão partidas, com os ossos a mostra, aliás.
O
homem olha para seu ventre, atestando a afirmação de Hilrd. Subitamente toda
sua memória retorna e ele vê.
Vê,
quando suas pernas são partidas por um martelo de guerra. Quando tomba de peito
na lama criada pelas tripas e sangue de inúmeros jovens cegos pela tentação da
fama e do ouro. Cegos pelas mentiras de seus lideres.
Relembra
como foi covardemente erguido, por homens sem honra, para servir de sacrifício.
Como a “velha sábia” retalhou seu ventre de forma cruel e sádica, sorrindo o
tempo todo. E por fim, toda a lenta agonia, toda a vergonha, todo o ódio que
sentiu antes de mergulhar na escuridão. E de uma vida simples, sobraram apenas
o ódio, a tristeza e a amargura que sua morte brutal e sem sentido lhe trouxe.
-
Puta merda! Eu morri!
Uma
franca gargalhada foge dos lábios de Hilrd, uma gargalhada pura, como a de uma
criança feliz.
-
Adoro essa parte.
De
forma rápida a expressão feliz no rosto da valkyria se desfaz, dando lugar a um
semblante soturno e cruel.
-
Agora basta de brincadeiras. Ergue-te!
Com
um movimento veloz e brutal, a lança é puxada do cadáver, fazendo com que um
forte jorro de sangue podre se faça. Lentamente de onde a lança deixara um
profundo buraco, a sombra de uma mão se apresenta, rasgando o corpo. Logo,
outra mão aparece, rasgando ainda mais as carnes mortas, fazendo com que sangue
coagulado e pedaços de carne pútrida voem. Com a força das duas mãos, a ferida
cresce mais e mais, até que a forma de uma cabeça surge. Um forte urro cheio de
ódio e dor se faz na boca sinistra que se projeta com afinco e dificuldade da larga
ferida. Qualquer homem fugiria chorando ao ouvir tal brado, mas Hilrd apenas
deixa um leve sorriso escapar.
Após
alguns minutos, a sombra de um homem se faz presente sobre o que antes era o
peito do guerreiro. Peito que agora não passa de uma grotesca massa de carne
retalhada.
Os
olhos da sombra brilham com uma luz sinistra, luz idêntica a dos espíritos que
ardem nos campos durante noites muito frias.
Hilrd
com a ponta de sua lança fixa nesses mesmos olhos pergunta de forma fria.
-
Qual teu nome guerreiro?
Uma
forte e rouca voz, que parece vir de profundezas maiores do que o próprio reino
de Hella responde.
-Bor!
Um
brilho se faz na ponta da lança, cegando a sombra, que protege seus olhos
sinistros. Hilrd então grita:
-
Toma tua forma e vem. Pois há muitos ainda a escolher.
Quando
a luz se desfaz, um jovem, de olhos castanhos, selvagens como os de um lobo, de
grande altura, ombros largos, longos cabelos negros e pele muito branca se
apresenta. Ele se veste com uma grande pele de urso e partes de armaduras das
mais variadas origens e eras. Em suas mãos ele carrega um enorme machado,
desproporcional mesmo para sua grande figura, feito de uma enorme lasca de
rocha. Rocha negra, semelhante a um pedaço de vidro, reforçada com peças de aço
e de cabo feito de osso. Osso de alguma enorme fera. Fera que a raça dos homens
nunca viu viva.
Fitando
Bor nos fundo dos olhos, Hilrd ordena.
-Agora
fique quieto e espere pela minha nova escolha.
A
valkyria se afasta. E novamente a lança voa pelo céu noturno.
Obrigado, irmão!
ResponderExcluirContinue sempre com essa dedicação! Seus textos são ótimos, você sabe disso!