quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , , ,
Esse é o meu projeto mais recente, dei início a ele ontem. Se trata de uma fantasia medieval com pitadas de horror e sci-fi. O personagem principal é um jovem ork, sim eu grafo com "k", que seguindo seu sonho de liberdade e sua curiosidade acaba por descobrir os segredos sobre o passado de seu mundo e das raças que nele habitam. Espero que gostem e por favor... Criticas, sim? Obrigado!

Um filhote.

A tribo já está acampada há três dias nesse leito seco de rio. Esperando que os batedores retornem.
A espera está me enlouquecendo.
Passo os dias cumprindo meus afazeres e brigando na Tenda dos Punhos, para matar o tempo.
Nessa lua, receberei o meu nome ork, me tornarei um guerreiro e terei o direito de participar dos saques e dividir os melhores espólios. Mas para isso, o maldito grupo de batedores deve retornar.
Na verdade pouco me importa tudo isso, o que mais quero é poder-me ver livre da Tenda dos Filhotes e de todas as fêmeas que passam os dias dando ordens e se metendo em minha vida.
Estou sentado em um canto da Tenda dos Punhos agora, observando os outros filhotes brigando e recebendo chicotadas de Orpul Punho de Rocha, o mestre da tenda, perdido em meus pensamentos e sonhos de liberdade.
Enquanto sonho como um dia irei deixar essa tribo para criar a minha própria, uma enorme sombra se projeta sobre mim e isso me puxa de volta a realidade.
Um enorme ork está parado na minha frente sorrindo, Orgumud Pele de Muralha, ele pisca de forma debochada para mim.
-Olá filhote. Preocupado?
Encaro Orgumud com um misto de raiva, inveja e admiração no olhar. Ele é um dos maiores guerreiros da tribo e como uma espécie de irmão/pseudo-rival para mim. Ele é apenas duas luas mais velho do que eu e por isso crescemos juntos na Casa dos Filhotes. Orgumud é a minha verdadeira antítese, um ork que impõe medo e respeito. Afinal, com seus 190 quilos de músculos e banha e no alto de seus 2,40 centímetros de altura, poucos orks o chamariam para uma briga por diversão.
Sem paciência, tento que ele me deixe em paz.
-Vá perturbar outro Orgumud. Não estou com vontade de te aturar ou de apanhar de você.
O sorriso do enorme guerreiro apenas aumenta, deixando todos os dentes à mostra, inclusive os entalhes que os lábios escondem na maior parte do tempo, de suas presas de guerra.
-Pelo jeito o filhote está preocupado e nervoso. Eu entendo isso. Mas vamos lá? Juro que serei bom e deixarei você me bater uma ou duas vezes.
Tento o mandar embora usando a razão.
-Eu não tenho chance contra você Orgumud. Você sabe disso.
Com uma nova piscadela zombeteira, o guerreiro insiste.
-Vamos lá, as chances são poucas, mas existem. Se você me ouvisse e fosse mais esperto conseguiria. Você é mais leve e veloz do eu, se usasse isso a seu favor, em três ou quatro horas conseguiria me vencer pelo cansaço.
Disparo o meu olhar mais cético e desaprovador. Sou um ork pequeno, o mirrado da minha ninhada. Com meus 100 quilos e 1,80 de altura, não sou o ideal de guerreiro da minha raça, tão pouco um adversário apto a vencer Orgumud.
-Não seja ridículo. Vá perturbar outro idiota para surrar. Hoje eu não quero sentir o gosto do meu próprio sangue. Procure...
O estalar do chicote do mestre, interrompe a conversa. Orpul parece muito irritado.
-Mas sentirá o gosto mirrado covarde! Tire esse maldito rabo do chão e lute com Orgumud!
Todos os demais filhotes param de lutar e conversar, e rindo, fazem um círculo, como uma arena para a luta.
Sem alternativa, me levanto encarando Orgumud cheio de raiva e entro no círculo. Posicionado em seu centro, ergo os punhos em posição de combate. Sinto-me ridículo. Todos os filhotes riem.
Orgumud entra no círculo, que se fecha atrás dele, sorrindo. Ele expõe o rosto de forma a me provocar.
-Vamos lá filhote! Acerte aqui o seu melhor soco!
Dominado pela raiva eu ataco o enorme ork com todas as forças. O golpe acerta em cheio a cara do guerreiro, mas ele parece não notar. Sorrindo, Orgumud revida com um chute em minhas costelas, que me joga longe e retira completamente o meu ar. Caio no chão como um saco de estrume.
Ao conseguir recuperar o folego, o que leva alguns longos momentos, me ergo da sujeira e lanço um novo ataque. Novamente recebo um contra golpe e sou mandado voando ao chão. Todos riem.
Sorrindo, Orgumud tenta me ajudar com seus conselhos.
-Vamos lá filhote! Use sua velocidade e esperteza! Com sorte você talvez me faça suar! Talvez!
Com a boca cheia de sangue e completamente dolorido, sigo o conselho e apenas fico parado estudando o ork.
Durante vários minutos, eu apenas fico estudando meu oponente, sem conseguir encontrar um jeito de atacá-lo. Os filhotes ficam impacientes e começam e soltar vaias, pragas e comentários quanto a minha coragem e tamanho.
Orgumud sorri ainda mais, parece satisfeito com minha atitude.
-Vamos lá filhote! Faça-me suar! Ataque!
Apesar dos incentivos, eu apenas continuo estudando o ork. Os gritos e vaias aumentam quase que ficando ensurdecedores. Por um longo tempo permaneço ali, sem esboçar qualquer ataque. Aos poucos a expressão de Orgumud vai mudando, o sorriso aos poucos vai dando lugar a uma expressão de impaciência e raiva. Por fim, o ork investe impaciente e nervoso.
-Disse para usar sua velocidade filhote, não o seu medo! Vamos acabar com isso!
Um poderoso direto é lançado na direção de minha cabeça, mas eu me esquivo velozmente e contra golpeio com um gancho na barriga de Orgumud.
Os filhotes gritam de emoção ante o meu ataque e isso me dá novas forças. Por alguns segundos eu sinto que tenho chance de vencer.
Um novo golpe, um downcut, é desferido por meu oponente e apesar de toda a minha velocidade, o golpe acerta em cheio o topo de meu crânio.
Todo o mundo parece girar ao meu redor, caio de joelhos ante o ork e quase que perdendo a consciência, em um golpe duplo, acerto a virilha dele.
Caio no chão entre os gritos de dor de Orgumud e o silêncio repentino do todos os filhotes.
Após alguns minutos tento me erguer, mas apenas consigo ficar de joelhos, ao fazer isso um brado de júbilo irrompe dos filhotes. Eu venci Orgumud, que rolando no chão grita de dor.
O Mestre da Casa segura meus ombros e me ajuda a ficar em pé. Ele sorri satisfeito para mim.
-Muito bom mirrado. Muito bom.
Ao ouvir isso, os filhotes soltam o brado de vitória da tribo. Feliz e incrédulo, eu ergo o braços em sinal de vitória.
Gritos de aclamação tomam conta do lugar e alguns orks entram para ver o que aconteceu. Quando descobrem o ocorrido, novas vozes se somam a algazarra.
Durante minutos sou ovacionado, mas todos se calam quando Orgind Sangue de Veneno entra. A sacerdotisa da deusa Onald ordena.
-Todos os filhotes nascidos sob a atual lua devem ir até a Tenda do Imperador imediatamente. Os batedores retornaram e o Ritual do Nome terá início. Corram!
Vários filhotes correm em direção da saída, inclusive eu, apesar de todas as dores.
Fora da Tenda dos Punhos eu corro com todas as forças que restam até o lugar da cerimonia.
Apenas pensado que me tornarei um verdadeiro ork. Um verdadeiro guerreiro.

Hoje eu começarei a ser livre.

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