quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Posted by T. T. Albuquerque | File under : , , , , ,
Esse projeto também é antigo e está parado faz um bom tempo. Fala acerca da mítica nórdica sobre o fim do mundo, nada de tão original na verdade. Espero que gostem e peço novamente, critiquem! Obrigado!


Capítulo I – Mergulho

Bor.
Eis que a noite caiu.
Os clamores, xingamentos e brados de guerra cessaram nos lábios dos guerreiros. Garotos, mortos, pela vontade egoísta de velhos avarentos que jamais suaram por seu pão.
Garotos, que agora jazem na lama, com seus corpos destruídos, servindo de pasto para as feras e moscas.
Garotos que lutaram com bravura, e permanecerão a eternidade sem serem honrados em suas piras.
Entre eles, estou eu, Bor, filho bastardo de um soldado molestador. Que largou uma vida de fazendeiro, pacata e tediosa, para conseguir uma saga. Mas ela jamais será escrita ou cantada.
Minhas vísceras se espalham pela lama. Mas Hella ainda não chegou com sua carroça para me buscar. Vejo a Lua com seu brilho pálido erguer-se no céu, parecendo um terrível olho a julgar os caídos.
É a última visão que tenho de Midgar.
Mergulho nas Trevas, amaldiçoando Odin.
Onde está a recompensa?
Onde está o Valhalla?
Mergulho nas Trevas.
Cada vez mais.

Wulfgan.
Os galhos talham minha face enquanto tento fugir.
Não olho para trás, mas sei que me perseguem.
Ladrões de estrada atacaram minha comitiva como uma tenaz. Os guardas, com toda sua pompa e brilho, tombaram como folhas secas.
Em pânico, comecei a correr, floresta adentro. Vergonhosamente, eu, Wulfgan, filho de nobres, fugi.
Mas de nada adiantou. Fui cercado.
Vendo que não conseguiria mais fugir, saquei de minha adaga, nesse instante fui bravo, nesse instante fui nobre, nesse instante, mesmo que por breve momento, mereci o Valhalla.
Meu ato é recebido com zombarias e risos, pelas bestas que me cercam.
Em total desespero, ataco. Sou vencido por um reles chute, que me lança ao solo.
Sou preso ao chão.
Minhas roupas são rasgadas.
Meu corpo é violado.
As bestas riem enquanto abusam de minha carne.
No final, não sinto mais meu corpo, estou completamente humilhado.
Choro.
Uma faca entra em minha garganta, atravessando meu crânio.
Em desonra, mergulho nas Trevas.

Lotar.

Disparo minha última flecha.
Não há mais chance de vitória.
A cidade caiu.
A maioria das crianças e mulheres escapou, minha missão se cumpre.
Eu, Lotar, guarda da cidade, junto a meus irmãos de armas, garantimos a fuga.
Agora a morte é o único caminho possível.
Saco minha espada e me jogo contra a massa invasora. Faço seis guerreiros tombarem antes de uma lança atravessar meu peito.
Tombo de joelhos.
Sinto uma pancada em minha nuca. Primeiro vem o branco, logo depois o vermelho e por fim tudo fica escuro.
Mergulho nas Trevas feliz, meu lugar nos salões do Valhalla me aguarda.

Um comentário:

  1. Gostei. Acho que deveria ter uma continuação, como se isso fosse só o cenário descritivo que introduz o fim de uma guerra de uma história que está para começar. Como se fosse um prólogo apenas.
    Parabéns!

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