Esse projeto é bem recente e já foi postado em alguns sites pela net, para minha alegria, recebo sempre críticas bem positivas sobre ele. Se trata de uma série de crônicas jornalisticas sobre fatos insólitos ocorridos por todo o Brasil e no exterior. Ele é baseado em autores como Stevenson, Lovecraft e Stocker na forma do uso de documentos e narrativas dos personagens que ilustram suas desventuras com o sobrenatural. Esse primeiro capítulo teve seu título alterado para ficar mais próximo da ideia geral do texto. Espero que gostem e novamente peço, critiquem. Obrigado!
A
bruxa da mata.
Santarém, Pará,
26 de fevereiro de 2007.
Hoje pela manhã,
foi encontrado o corpo de José Silva Chucre, 23 anos, dentro de uma canoa por
pescadores da região.
O corpo estava
completamente desfigurado, graças ao que segundo testemunhas, pareceu ser um
ataque de onça.
A polícia foi até
o local e o corpo se encontra no necrotério municipal no momento.
Até agora,
nenhuma nota foi publicada oficialmente pela equipe de investigação sobre o
caso. Mas graças as nossas fontes na polícia civil, conseguimos em primeira
mão, um texto encontrado junto ao cadáver. Tudo indica que o mesmo foi redigido
pela vitima, como uma espécie de testamento.
Reproduzimos
aqui o texto, no entanto, não no original, já que para um melhor entendimento
de nosso público, fez-se necessária uma restruturação, haja vista, que pelo observado
no original, este por sua vez, manuscrito, a vítima possuía apenas o mais
básico conhecimento da língua portuguesa. O que dificultaria demasiadamente o
entendimento do texto, este por sua vez, na humilde opinião desse jornalista,
por si só incrivelmente fantástico e inverossímil.
Apresentamos aqui,
o texto e logo em seguida, pequeno glossário dos regionalismos mantidos e por
fim, um adendo explicativo sobre o suposto assassino descrito no manuscrito
encontrado pela polícia:
Decidi
escrever o que aconteceu a mim e a minha família nos últimos meses, agora que
minhas forças estão acabando e o fim se aproxima.
Tudo
foi culpa de meus atos, fui um mau marido, pai e cristão.
Meus
braços doem. Estive remando a montaria*
por dois dias, sem parar para nada, desde que aquela coisa matou minha Ana.
Meu
Deus, como eram horríveis os gritos da minha cabocla. Como é horrível a coisa.
Maldita
hora em que fui beber. Maldita hora que fui brincar com o puvu da mata*.
Era
dia santo, mas desde manhã comecei a beber, estava feliz, meu menino havia
nascido. Quando a bebida subiu demais a cabeça, decidi ir caçar. Mesmo com Ana
parida e meu gitozinho* tendo
nascido mirrado. Mesmo com os pedidos de minha cabocla de permanecer e
respeitar a data como um bom cristão. Sai para caçar.
Ainda
me lembro de Ana dizendo na soleira da nossa maloca:
-“Nun”
vá não Zé. “Ulhe” meu filho que “huje” é dia “santu”, derramar sangue vai lhe
trazer panemagem*.
Ignorei
minha cabocla e com a cartucheira*
nos ombros e a garrafa de cachaça debaixo do braço, entrei na mata.
Depois
de duas horas, encontrei a pista de uma queixada*.
Fiz um girau* em uma castanheira
para esperar a caça e lá fiquei bebendo enquanto o tempo passava.
Era
quase noite, quando o alvo surgiu. Preparei a mira o melhor que pude no estado
em que estava e atirei. Com um só tiro abati a presa.
Ao
buscar a peça de caça, notei que era uma fêmea prenha. Má coisa. Nunca se abate
uma fêmea prenha, dá panema*. Mas
deixar a caça lá, eu não iria. Joguei o bicho nos ombros e rumei para casa. Já
chegando a meu terreno, próximo à casa de farinha, que ouvi pela primeira vez o
maldito som. O assobio.
Ele
pareceu muito próximo e um calafrio me cortou o espinhaço. Apressei o passo e
no terreiro, mais uma vez, ouvi o som. Qualquer vestígio de álcool em meu corpo
sumiu naquele mesmo instante.
Amarrei
pelas patas e pendurei a caça no pé de taberebá*
que faz sobra para nossa maloca e entrei, para encontrar Ana e meu gito* dormindo em suas redes.
Com
medo me deitei e após muito tempo, o sono veio. Um sono conturbado, cheio de
pesadelos com visagens*. Um sono que
não me trouxe descanso.
Na
manhã seguinte, fui logo cedo tratar a caça, tirar o couro e salgar a carne, mas
para o meu espanto, a catitú* havia
sumido. Em seu lugar uma poça de sangue. Mais uma vez o assobio se insinuou na
distância, um forte mal estar me dominou, por instantes tudo pareceu girar e
acabei por cair no chão. Não sei quanto tempo se passou, mas ao recobrar os
sentidos, pude ver uma forma indistinta por entre as árvores a me espiar. Cheio
de medo corri para dentro da maloca.
Nos
dias que se seguiram, minha panemagem*
começou. Tudo passou a dar errado, a pesca e a caça ficaram escassas. As
criações todas morreram de uma estranha doença que deixou as carnes pretas e
com um forte mau cheiro. As plantações sofreram com uma praga de insetos e
fungos, que deixou minha família na penúria.
Até
Tainha, meu cão, sumiu. Com seu sumiço, por várias noites ouvimos o som de uma
onça a rondar a casa. Todas as tentativas de abater o animal falharam. A arma
sempre engasgava ou a munição se mostrava inútil.
Mas
a nossa maior tribulação foi a repentina e grave doença que se abateu sobre meu
filho. Uma febre antinatural que fazia a criança ferver e cada vez ficar mais
mirrada. Ana só rezava e chorava, o seu desespero ante a situação de nosso
menino só aumentava a cada dia. Ficou a passar os dias e noites ao lado da rede
do gito*, me ignorando por completo,
as poucas vezes que falava comigo era para me acusar.
-Tudo
culpa sua Zé! Sua culpa! Essa panema*
foi você “qui” trouxe! Agora o menino tá “murrendu” por causa das tuas “cachaçadas”!
O
pior de tudo era saber, mesmo não admitindo, que Ana tinha razão.
Depois
de uma semana, o menino ficou em um péssimo estado de saúde, tudo nos dizia que
ele não passaria daquela noite, o desespero de minha cabocla era tanto que
parecia estar enlouquecendo. Sem saber o que fazer, fui para a cozinha e me
entreguei a bebida. Já embriagado completamente, ouvi na madrugada o assobio
mais uma vez, mas desta feita, ele parecia vir de muito perto, como se do
telhado da maloca. Cheio de raiva, abri a janela e gritei para a escuridão da
noite.
-Vem
amanhã que te dou café, fumo e uma bala “nus” focinho! Tudo pai d’égua*! Sua pu...
Minha
boca foi tapada por uma mão, que veio por trás de mim, o efeito do álcool
passou imediatamente graças ao susto. Era Ana, que saiu do lado de nosso filho
pela primeira vez desde que sua doença começou. Seu olhar era de puro pavor e
reprovação.
-Tu
tá “duido”? Já não fizeste demais “cagada” não Zé? Quer piorar as “cuisa”?
Envergonhado
baixei a cabeça, fechei a janela e deitei na rede para dormir.
Fui
acordado por minha cabocla, de forma truculenta, pela manhã bem cedo. Ela
sacudia a rede, me batia e gritava tentando me acordar. O medo havia a
dominado, tive então, certeza de que ela enlouquecera. Sua face estava pálida
de forma doentia e olheiras profundas emolduravam os seus olhos.
-Zé!
Zé! Tem uma “mulé” aí fora chamando! “Ulha” o que tu fez! “Ulha”!
Pulei
da rede e em um ímpeto de bravura criada pela raiva, abri a porta. No mesmo
instante, o medo me invadiu, pois no terreiro, uma figura assombrosa estava
presente.
Uma
mulher, muito idosa, de rugas profundas e fartas, magra, doentiamente magra,
baixa como uma criança, de olhos profundos, negros, cruéis, sem brilho e
sorriso maligno. Um sorriso cheio de cacos podres de algo que um dia foram
dentes. Ela vestia trapos imundos e fétidos. Seus cabelos longos, embaraçados e
tais quais seus andrajos, imundos, estavam em parte soltos roçando o chão e em
parte presos em um pitó* no alto de
sua cabeça desforme.
De
cócoras, batia palmas para nos chamar, assobiando baixo enquanto aguardava
alguém atender seu chamado.
Ao
ver-me, começou a fazer desenhos com os dedos na areia do terreiro e com uma
voz que parecia a de um animal raivoso exigiu.
-“Quedê”
o café seu “muço”?
No
mesmo instante me veio à mente a bravata da ultima noite. E o medo acabou por
me dominar, fazendo com que minha voz falhasse e eu agisse como um bicho acuado.
Fiquei ali em pé, paralisado.
-Te...
Ten... Tenho não “sinhura”.
A
expressão da idosa ficou ainda mais ameaçadora e terrível. Sua voz pareceu vir
de alguma gruta profunda.
-E
o “fumu”?
Como
resposta, consegui apenas acenar negativamente com a cabeça, já que a voz
acabou por faltar completamente.
Ao
ver isso, a velha começou a bufar, jogar areia por sobre a cabeça e a dar
cambalhotas pelo terreiro. Por um tempo que não sei determinar, ela fez esse
ritual, a cada vez de forma mais selvagem e aterrorizante.
Repentinamente,
se colocou de pé e com o dedo em riste me apontado ameaçou.
-Pois
deixe “machu”, tu vais me pagar seu “purra”! Já me “vú”, mas deixe que já que
volto! Tu vais pagar seu “purra”!
E
como um cachorro, apoiada nos quatro membros, saiu correndo em direção da mata.
Quando
fechei a porta, ouvi Ana a chorar desesperadamente no quarto, nosso filho havia
morrido.
-Culpa
sua Zé! Ai meu Deus! Meu filho! Zé! A culpa é sua Zé!
Passei
o resto da manhã a preparar a cova de meu filho, o enrolei na rede, sua
primeira e última, e no fim da tarde o enterrei. Ana enlouquecida se largou no
leito e passou a fitar o nada, sempre repetindo.
-Culpa
sua Zé.
Durante
seis dias após a morte de meu gito*,
nada mais ocorreu e a pesca melhorou. Quando uma semana da morte do menino se
completou, tudo pareceu tomar um novo rumo catastrófico. Uma tempestade varreu
a região, o rio subiu repentinamente, alagando a maloca, destruindo o pouco de
mantimentos que ainda tínhamos. Um raio caiu na casa de farinha* a incendiando completamente. Maria e eu nos
salvamos por que subimos no telhado da maloca. De nossos pertences, apenas a cartucheira*, o embornal, as redes e a montaria* foram salvos.
Quando
a água baixou, atei a rede de minha cabocla e a deixei lá, vislumbrando o
vazio, enquanto passei alguns dias limpando a casa e o terreiro. A fome começou
a pesar, pois agora parecia impossível conseguir qualquer caça ou pesca. Duas
semanas após o enterro, durante uma noite de céu limpo e Lua cheia, o fim teve
início. Uma rasga-mortalha* passou a
sobrevoar a maloca, soltando o seu grito que parecia poder cortar a alma do
mais valente jagunço. Durante um tempo tentei ignorar a ave, mas quando Ana
passou a gritar desesperada, pedindo paz, um sentimento de ódio profundo me
dominou e armado com a cartucheira*
sai para o terreiro, disposto a dar cabo do animal, mas quão enorme foi o meu
terror ao ver o cadáver de meu filho sendo carregado por ela. O bicho parecia
rir de mim enquanto mudava a direção do seu voo rumo à mata escura.
Sem
pensar, me coloquei em perseguição à ave floresta adentro. Não sei ao certo,
por quanto tempo fiquei correndo pela mata às cegas, mas por fim, acabei por
chegar a uma clareira e lá eu a encontrei. A criatura estava sobre um tronco
morto de um pé de breu branco*, devorando
o cadáver de meu filho, a luz sinistra da Lua, filtrada pelas abundantes copas
das árvores, só aumentou a sua aura maligna. Sem pestanejar, disparei duas
vezes contra a coisa, só então, ela tomou conhecimento de que alguém estava lá,
se ergueu e passou a procurar a origem dos disparos. A criatura era
anormalmente alta e magra, de pele enrugada, cadavérica, demasiado pálida e
grossa de tantas rugas que lhe cobriam. Em lugar de dedos, longas garras
imundas dominavam suas mãos. Ao me encontrar, ela sorriu para mim, um sorriso
cheio de presas.
Mesmo
invadido pelo medo, recarreguei a arma e novamente disparei contra a besta. Ela
apenas riu dos disparos e começou a se aproximar lentamente.
Vendo
que não conseguiria vencer a disputa, fugi em direção de minha maloca, pondo
todas as forças nas pernas. A cada instante, seus assobios pareciam estar mais
perto de mim.
Quando
alcancei a casa, tranquei a porta e fiquei esperando o ataque, pois sabia que
não havia fuga. E por minutos, que pareceram infinitos, esperei, ouvindo os
assobios na distancia, até que a maldita criatura invadiu a casa, pelo quarto.
Apenas ouvi o som da janela arrebentando e os gritos de Ana, meu Deus, como
eram horríveis.
De
arma em punho entrei no cômodo, para ver impotente, a coisa pendurada no teto
da maloca, de ponta-cabeça, erguendo minha pobre esposa pelo pescoço com uma
das garras, enquanto a estripava com a outra. A criatura ria de alegria.
Vergonhosamente
fugi da casa e embarquei na montaria*
rio abaixo.
Mas
sei que não escaparei. A Matita não me deixará em paz. Em breve estarei morto e
<texto inteligível>.
Nesse
mesmo instante, ela se aproxima, caminhando lentamente por sobre as águas, em
uma cópia herética da caminhada de Nosso Senhor. Ela sorri para mim enquanto
lambe o sangue de minha cabocla de suas garras.
Que
Deus me perdoe.
Glossário:
Montaria:
canoa usada pelo ribeirinho, feita de madeira e movida a remos.
Puvu da mata:
conjunto de entidades fantásticas do folclore ribeirinho do norte do Brasil.
Gitozinho:
diminutivo de gito.
Panemagem:
efeito da panema.
Cartucheira:
termo ribeirinho para designar armas de fogo de forma generalizante, atualmente
em desuso.
Girau:
estrutura de madeira construída sobre as árvores, onde o caçador fica
atocaiando a caça.
Queixada:
tipo de porco selvagem, parente do javali que ocorre no norte do Brasil.
Extremamente violento.
Panema:
termo ribeirinho para “má sorte”.
Taperebá:
fruto de uma árvore frutífera da família Anacardiaceae, seu fruto é doce e cítrico, de
casca amarela ou laranja. Em outras regiões do país é conhecida por cajá,
ambaró ou cajá-mirim.
Gito:
termo ribeirinho que determina algo pequeno, como crianças de colo e variadas
outras coisas diminutas.
Visagens:
plural do termo ribeirinho “visagem” que designa fantasmas de forma
generalizante.
Catitú:
sinônimo de queixada.
Pai d’égua:
termo nortista para designar algo muito bom.
Pitó:
termo nortista para coque de cabelo.
Casa de farinha:
lugar onde a massa de mandioca beneficiada é torrada para se tornar farinha.
Rasga-mortalha:
tipo de coruja branca que ocorre no norte do Brasil, que é folcloricamente
associada a eventos funestos.
Breu-branco:
tipo de árvore, cujo óleo é utilizado na fabricação de perfumes.
A Matita.
A matita-perêra,
matinta-perêra ou matita-pereira, é um mito que ocorre no norte e nordeste do
Brasil.
A Matita seria
segundo a maioria das lendas, um espírito/demônio/bruxa, que durante a noite
atormenta a vida dos caboclos da floresta. Na maioria das descrições, ela é
vista como uma mulher muito idosa, esquelética, de cabelos longos e
desgrenhados, dentes podres, que se veste em andrajos, geralmente de cor preta,
que lhe cobre a maior parte do corpo.
Vários poderes
sobrenaturais lhe são atribuídos, tais quais: levitação, força, velocidade e
vigor sobre-humanos, clarividência, metamorfose (seria capaz de se transformar
em cão do mato, cobra, lobo e na sua mais conhecida e difundida forma animal, a
de coruja branca, conhecida como Rasga-Mortalha), maldições e feitiços sonoros.
Dependendo da
região, assume o papel de espírito maligno, que perambula pela mata, atrás de
vítimas incautas para se alimentar, de bruxa que se vinga dos tormentos que os
caboclos lhe aprontam ou de uma espécie de espírito vingador da floresta.
Segundo consta,
não ataca sem motivo o caboclo, ela apenas se vinga, seja de maus tratos contra
sua identidade humana, de danos à mata ou da vida desregrada de uma pessoa tida
como um “mau cristão”. No primeiro exemplo, assume o papel da clássica bruxa
medieval, uma mulher idosa e solitária que sofre pressões sociais (ou como tão
em voga: bulling) da comunidade em que vive, já na segunda, assume o papel de
outra lenda brasileira, o curupira, um vingador da fauna e flora e por fim, de
banshee, o espírito funesto que prediz e em alguns casos causa a morte no
folclore irlandês.
São variadas as
formas, que segundo a tradição, a Matita usa para infernizar a vida dos que
cruzam seu caminho, seja brincando de gato e rato, durante algum infeliz
encontro com o caboclo que tarde da noite se aventura na mata, seja matando as
criações, amaldiçoando a criança mais nova da casa com uma doença ou com a
morte de um ente da família.
De maneira
geral, ela tortura psicologicamente sua vítima.
Suas práticas
são, na maioria dos casos, permeadas de maldade quase pueril, pois age de
maneira sádica como uma criança má. Seguem abaixo alguns exemplos:
Ao perseguir o
caboclo na mata, ela assobia, lhe enganando, pois quando o som aparenta estar
próximo, na verdade, ela se encontra distante, no entanto, quando o som se faz
distante, ela já esta na eminência de por suas mãos na vítima, que nunca mais é
vista.
Mata as criações
do caboclo, para que este tenha sua vida, geralmente muito sofrida e
trabalhosa, dificultada ao máximo. Afasta ainda, a caça e a pesca. Faz isso
apenas aos caboclos que destroem a mata sem necessidade ou caçam e pescam mais
do que precisam.
Causa
enfermidades a crianças pequenas, quando invade as casas no meio da noite para
se vingar dos pais, que sendo “maus cristãos”, não as batizam.
Roga ou prediz a
morte, quando em forma de coruja branca, conhecida como rasga mortalha, pia
tarde da noite, sobre a casa de um enfermo.
Apesar de ser
temida por seu poder sobrenatural, existem meios de se proteger ou postergar a
vontade insidiosa da criatura. Tais como:
Existiria um
meio de se saber sua identidade, quando o caboclo ouve seu piar na noite, deve
dizer em voz alta que pela manhã oferecerá café e fumo (cigarro, tabaco de cachimbo,
fumo de corda). Na manhã seguinte, a primeira mulher que viesse cobrar o
prometido, seria a Matita. O caboclo deve então eliminar a pessoa no ato ou
durante a noite seguinte, será atacado e morto.
Para se proteger
a criança de sua sanha maléfica (ou sua sanha pela observância dos preceitos
cristãos) deve-se colocar uma cruz no quarto da criança acima de seu berço, no
caso do caboclinho, a rede, e se acender uma vela que deve durar toda a noite.
Há uma forma de
se prender a Matita, para tanto, são necessários alguns objetos:
.Uma tesoura de
ferro, virgem.
.Um crucifixo.
.Uma chave de
ferro.
Para prendê-la,
ao se ouvir seu piar, enterra-se a tesoura aberta no chão, colocando sobre a
mesma, o crucifixo e a chave equilibrados um sobre o outro. Dessa forma ela
fica presa ao local, até que os objetos sejam retirados do lugar.
Segundo a
tradição cabocla, é uma criatura que tem um ciclo de vida semelhante ao humano.
Quando próxima da morte, ela sai pela mata gritando: - Quem quer?
A incauta que
responder afirmativamente, se torna a sucessora na maldição, continuando assim
o mal e causando o medo.
No norte e
nordeste, há vários relatos da ação da Matita, contados por pessoas do interior
a meia voz, que mesmo agora, na dita era da informação, mantêm o mito vivo.
Como dito
anteriormente, uma cópia do texto original, se encontra em nossa redação,
aqueles leitores, que devido ao teor do texto, demasiado fantástico e soturno,
presumirem que esta notícia, não passa de uma invenção, no melhor estilo dos
piores tabloides, sintam-se livres para requerer uma cópia digitalizada do
mesmo, via e-mail, que teremos o prazer de enviá-la o mais rápido possível para
sua apreciação.
C. C. de Carvalho – Repórter
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