Esse projeto já foi reescrito diversas vezes, já tem quase cinco anos e eu ainda não consegui chegar nem a metade do que quero.
É um romance de horror baseado na mítica judaico/cristã, suméria e nos Mythos de Lovecraf. Como uma tentativa de diferencial, o personagem principal é um homem obeso, sim em parte ele fala de mim, que com o desenrolar da trama acaba se transformando em um ser sobrenatural.
Espero que gostem e por favor, critiquem. Obrigado!
É um romance de horror baseado na mítica judaico/cristã, suméria e nos Mythos de Lovecraf. Como uma tentativa de diferencial, o personagem principal é um homem obeso, sim em parte ele fala de mim, que com o desenrolar da trama acaba se transformando em um ser sobrenatural.
Espero que gostem e por favor, critiquem. Obrigado!
CAPÍTULO
I – UMA LIGAÇÃO
Mais uma vez,
acordo sufocado. Os pesadelos são cada vez mais vívidos, detalhados e
aterrorizantes. São cada vez mais constantes.
Neles, revejo a
morte de minha mãe, minha irmã correndo para a floresta, enquanto meu pai em
uma crise de loucura a persegue. Mas o que mais me causa medo é a imagem de meu
avô, alheio a tudo, apenas rindo de forma perversa.
Arrasto-me até a
cozinha em busca de um pouco de água, mas acabo por atacar a geladeira, ao
abrir a porta, sou recebido por Arthur, o porquinho de brinquedo que ganhei nas
reuniões dos Vigilantes do Peso, que sempre fica a roncar em forma de protesto
quanto a minha glutonia. Quando a fecho, sorrindo, ronco em resposta.
Ligo a
televisão, enquanto sento-me à mesa da sala e começo a devorar a pizza fria que
restou de ontem. Fico novamente planejando começar uma dieta na próxima semana.
Na tela, as
mesmas notícias de sempre, guerras, crimes, política, esportes, receitas de
bolo, todo o lixo vazio que nos acostumamos a engolir.
O despertador
toca no quarto, avisando que devo me preparar para começar mais um dia de
trabalho. Um trabalho tão vazio quanto às notícias.
Tomo banho, me
visto e saio.
As ruas já estão
repletas de pessoas que como eu, se dirigem a mais um dia de trabalho não gratificante.
É difícil caminhar entre elas sem ser empurrado e xingado, meus passos são
lentos e pesados, todos os quilos extras cobram seu preço. A estação de metrô
parece estar a quilômetros.
A estação está
lotada, mais um dia de atraso nos horários. Todos me olham com cara de poucos
amigos, alguns comentam em meia voz, como sou gordo e ocuparei muito espaço no
vagão.
Mais um
maravilhoso dia de merda.
Com meia hora de
atraso, a composição chega à estação, já lotada. As pessoas se empurram,
espremem, gritam e reclamam. A cena toda parece um trecho tirado de algum
documentário sobre estouro de boiadas da Discovery.
Quando ponho o
pé no vagão, sou empurrado para fora, um homem vestindo um macacão de trabalho
grita.
-Pega o próximo
Wyllie!
As pessoas riem
enquanto as portas se fecham e a composição parte.
Mais um atraso
no trabalho, o quarto esse mês.
Após mais
quarenta minutos, outra composição chega, dessa vez não tão abarrotada, mas nem
por isso confortável. Recebo cotoveladas e empurrões, enquanto as pessoas reclamam
de meu tamanho e fazem piada.
Com mais de uma
hora e meia de atraso, coloco os pés no escritório. Mais uma vez sou chamado
até a sala da supervisão, onde recebo uma nova advertência.
Mais um dia de
hora extra não remunerada.
Mais um dia
nojento.
As horas parecem
não passar enquanto analiso quase que intermináveis linhas de comando de
tediosos algoritmos bancários.
Ao meio dia,
ligo para a lanchonete e peço que entreguem dois sanduíches de queijo e uma
Coca Diet. Novamente um almoço de merda trancado no escritório para compensar o
horário perdido.
Assim que
desligo o celular e o coloco sobre a mesa, ele começa a tocar. Sinto
estranheza, ninguém me liga, exceto os cobradores. Ao atender, uma voz grave,
rouca e decididamente idosa me indaga.
-Senhor Lockearth?
Respondo
afirmativamente com a cabeça, como se o homem no outro lado da linha pudesse
ver.
Por fim, afirmo
positivamente e pergunto quem está me ligando.
Um suspiro de
satisfação se faz ouvir.
-Meu nome é
Alexander Bellias, sou advogado e represento o senhor Iblis Lockearth, seu avô.
Um calafrio
percorre meu corpo, um medo infantil me domina e perco a voz.
-Senhor
Lockearth, ainda está aí?
O medo me
paralisa, a imagem de meu avô rindo retorna a minha mente, fazendo com que eu
fique como um animal acuado por alguns minutos. Flashes do passado passam por
minha mente de forma desconexa aumentando o meu horror a cada instante.
-Senhor?
A voz grave e
idosa me puxa de volta do abismo de medo em que minha mente me jogou. Balbuciando,
novamente pergunto o que o homem deseja.
Alguns segundos de
silencio no outro lado da linha.
-Como acabo de
lhe informar, sou advogado e represento seu avô. A pedido dele tenho a
incumbência de lhe entregar certos documentos de caráter pessoal.
Novamente fico
atônito, em quase quinze anos, não tive qualquer notícia de meu avô e agora
isso? Do nada ele aparece?
O medo começa a
mais uma vez me dominar, mas ainda consigo perguntar acerca do teor da
documentação.
-Segundo seu
avô, se tratam de documentos de um caráter demasiadamente pessoal senhor
Lockearth. Não tenho como lhe informar mais nada, além disso. Todos se
encontram em um envelope lacrado. Há a possibilidade de que venhas até meu
escritório? Se possível ainda hoje?
O medo me
domina, perco o ar e começo a passar mal. Minha respiração fica pesada e tudo
parece girar.
Apesar de ter a
certeza que não devo ter contato com os tais documentos ou qualquer coisa
relacionada a meu avô, respondo cheio de hesitação e medo, um medo pueril,
quase animal.
-Sim... Eu
posso.
0 comentários:
Postar um comentário